terça-feira, 29 de abril de 2008

Morte Feliz




Ele estava lá sentado em um balanço na pracinha da cidade, céu azul, vento gostoso. Os banquinhos vizinhos estavam vazios como a sua solidão. Sentia um frio no estomago estranho, parecia ter comido pedras de gelo! Ela, o observava de longe com um interesse sobrenatural, mas tinha medo, muito medo, além de coragem e determinação.

Ele sabia que estava sendo observado, mas não sabia que era por ela, aquela que um dia derrubou o seu coração. Então ela tomou coragem e a curtos passos foi até ao banquinho vizinho na pracinha das magnólias sentar-se ao lado dele. Ele, como se não acreditasse no que via, ficou pálido, gelado, amargurado. Não era possível... Ele a olhou nos olhos durante um longo tempo e lembrou-se de como eles eram felizes, sorriu! Passando a mão em seus cabelos, pegando em suas doces mãos perfumas de rosas vermelhas ele sorriu profundamente.

Ela não sabia demonstrar sentimento algum, havia os perdido no caminho. Não pudera mais expressar coisa alguma alem do olhar desde o acidente. Ela levantou-se, ele também e os dois ficaram se encarando durante um tempo. Ela, como um passe de mágica desaparecera na sua frente, e novamente ele se pôs louco a procurar, apenas por alguns segundos, mas logo depois sentou-se em seu banquinho e balançando levemente com os pés para frente e para trás colocou-se em um ligeiro movimento vicioso. Sorriu...

O despertador tocou e ele acordou lembrando daquele pesadelo. Lembrou do quão real havia sido e se surpreendeu, pois havia tempo que não sonhava com ela. Escovou seus dentes, arrumou o seu cabelo desengonçado e correu para a floricultura para comprar rosas vermelhas. Andando pela cidade com aquele buquê de rosas passou pela praça das magnólias e sentou-se por uns dois minutos no banquinho do balanço que havia sonhado. Foi embora, tinha que fazer aquilo hoje ainda.

Chegando em seu destino, era quase dez horas da manhã e o sol ainda estava com preguiça dormindo em algumas nuvens macias. Ele entrou passando por dois grandes portões e olhando para aquelas estatuetas de bronze que sempre estiveram por ali. Avistou a árvore de longe e colocou-se em um movimento mais rápido que o normal, não gostava daquele lugar!

Levemente ele depositou o buquê de flores ao pé daquela arvore onde um dia chorou muito. A lápide dela já estava velha, sem cor e nem brilho assim como todo o sentimento que um dia ele teve por ela. Mas ele ainda a respeitava, apenas.

Estava tudo bem, ele sabia que ela estava em paz. O seu amor estava morto, mas feliz...

E ele sorriu, e a cada vez que voltava aquele lugar ele sorria. Lembranças de um amor bonito, separados por um acidente fatal...





- hoje em dia ele ainda vai ao cemitério deixar flores, mas vive um novo amor..



(Ryan zamperlini – 08/04/2008)

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